Inadimplência e endividamento: qual é a diferença?

Quando falamos em dívidas, é comum que as pessoas façam uma associação imediata à inadimplência, mas será que essa palavra significa o  mesmo que dívidas? Estima-se que, em outubro de 2021, mais de 62 milhões de pessoas estivessem inadimplentes no Brasil, de acordo com levantamento do Serasa. Esse número  corresponde a, aproximadamente, 30% da população brasileira.

Mas isso quer dizer que todo mundo que tem dívidas é inadimplente? Não. Os significados de endividamento e inadimplência são diferentes. Enquanto endividamento se refere a qualquer pagamento futuro assumido no tempo, a inadimplência é quando não conseguimos arcar com esses compromissos.


Veja, a seguir, a definição dos dois conceitos e aprenda a diferenciar.

O que é endividamento, afinal?
Uma pesquisa de 2016 mostrou que, no entendimento de 46% dos brasileiros, ter uma dívida é o mesmo que “ter uma conta em atraso ou em aberto”. Mas, na verdade, essa é uma interpretação incorreta. 

Afinal, dívidas são contas ou pagamentos com o qual o consumidor se comprometeu – como compras parceladas no cartão de crédito. Ou seja, comprou um produto e parcelou os pagamentos no futuro? Então, você adquiriu uma dívida com a instituição que te ofereceu o crédito. 

Em outras palavras, o endividamento é o ato de se comprometer com parcelas e pagamentos que serão feitos no futuro e ainda irão vencer. Somente quando esses pagamentos passam da data de vencimento, ou seja, atrasam, você se torna inadimplente.


O próprio cartão de crédito funciona como um empréstimo (ou crédito). Quando você usa, se compromete em fazer o pagamento da compra ou da parcela na fatura do próximo mês. A mesma lógica vale para o crediário, empréstimos, cheque, financiamentos, cheque especial, entre outras modalidades de dívida.

É importante observar, porém, que esses recursos de crédito não são, necessariamente, vilões que estimulam a inadimplência. Se usados com moderação, podem ser até mesmo aliados da boa gestão das finanças pessoais ao permitirem parcelar compras importantes e diluir as retiradas do seu caixa.

O que é a inadimplência?
A inadimplência não é a dívida, mas o descumprimento de um compromisso financeiro – quando ele não é pago até a data de vencimento. Por exemplo: você assume um financiamento de um carro, mas na data de vencimento da fatura não faz o pagamento, que fica atrasado. Ou seja, esse atraso é a inadimplência.

A inadimplência também acontece com pessoas jurídicas, quando uma empresa deixa de fazer os pagamentos devidos. 

Só fica inadimplente quem atrasa o pagamento de instituições financeiras?
Não. É possível ficar inadimplente com outras instituições, como o seu condomínio, imobiliária, governo federal ou mesmo com outras pessoas físicas – como locatários de imóveis ou prestadores de serviços autônomos. 

Ou seja, para ser considerado inadimplente não importa a instituição, mas sim o ato de atrasar pagamentos.

Inadimplência é o mesmo que “nome sujo”?
A consequência mais temida – e mais comum – da inadimplência é ficar com o nome sujo ou negativado. Isso acontece quando os órgãos de proteção ao crédito como SPC, Serasa e Boa Vista restringem o CPF ou CNPJ da pessoa ou empresa inadimplente. 

Além disso, é possível estar inadimplente sem, necessariamente, estar com o nome sujo. Atrasar os pagamentos é condição para ser negativado, mas isso pode levar tempo e é possível estar inadimplente sem ainda ter o seu nome registrado nos principais birôs de crédito. 

Isso acontece porque as empresas esperam alguns dias ou até semanas para comunicar o atraso aos birôs.

Quando são avisados da inadimplência, os birôs comunicam o cliente sobre o atraso e dão prazo para o pagamento. Caso não cumpra o acordo, aí sim o CPF do cliente é inscrito no SPC/Serasa e, dessa forma, se torna negativado ou sujo.  

Estou inadimplente, e agora?
Quanto mais tempo inadimplente, maiores serão os juros sobre a dívida. Além do débito virar uma bola de neve e ficar cada vez mais difícil de ser quitado, ficar com o nome negativado pode te trazer algumas consequências, como:
  • Dificuldade para conseguir empréstimos;
  • Mais restrições para ser aceito em um financiamento de imóvel, carro ou outros bens;
  • Mais obstáculos para abrir uma conta corrente ou conseguir um cartão de crédito, cheque especial ou talões de cheque;
  • Score de crédito mais baixo. Essa pontuação é importante até para fazer compras parceladas ou adquirir um plano telefônico, por exemplo.
Como deixar de ser inadimplente?
Não existe outra forma de sair da inadimplência a não ser quitando o débito. Para quem não está com o nome sujo, deixar de ser inadimplente é mais simples – basta pagar  as contas atrasadas. 

Dica importante: as empresas costumam flexibilizar ou dar descontos para pagamentos atrasados. Entre em contato com a empresa onde o débito foi gerado e negocie desconto e prazo.

Para limpar o nome sujo, além de fazer o pagamento junto a empresa, é necessário que você encaminhe o comprovante de pagamento ao banco que está fazendo a cobrança e espere cinco dias úteis para seu nome sair dos registros. 

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Editorial, 14.FEVEREIRO.2022 | Postado em Mercado


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