MPEs: inadimplência tem segunda queda do ano

A inadimplência atingiu 5,42 milhões de micro e pequenas empresas em junho de 2021. Embora o número seja expressivo, representa a segunda queda do ano, essa de 0,6% em relação a maio, quando 5,45 milhões de MPEs estavam com o nome no vermelho. O cenário também é de melhora, principalmente, para os segmentos de comércio e serviços, que representam as maiores parcelas do total de empresas e marcaram baixa de 0,6%.

Além disso, uma recente pesquisa da Serasa Experian, mostra que as vendas virtuais foram outro fator determinante para a melhora do fluxo de caixa das empresas, já que 85,8% dos entrevistados pretendem continuar com o modelo de comercialização digital após a pandemia, enquanto 63,0% confirmaram que essa adaptação trouxe benefícios para os negócios.

Na análise das regiões brasileiras o destaque fica para o Sudeste, que caiu 0,8% em junho, ainda no comparativo mês a mês. Em sequência estão o Nordeste (-0,5%), Centro-Oeste (-0,4%), Sul (-0,1%) e Norte, que se manteve estável.

Considerando o dado geral, o mês de junho revelou 5,89 milhões de empresas inadimplentes no país. Uma queda de 0,4% no comparativo mensal, já que em maio o índice mostrava 59,1 milhões de negócios com o nome no vermelho. No comparativo por segmento, o sexto mês de 2021 aponta o setor de serviços como aquele que tem a maior representatividade dentro do total de negócios inadimplentes (51,4%).

Outra pesquisa, produzida pela FGV Projetos em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), revelou que dois terços (66%) das MPEs situam-se entre os dois níveis iniciais de maturidade digital. As analógicas somam 18%; e outras 48% são emergentes, ou seja, promovem esforços para se digitalizar, mas ainda possuem estrutura e modelos de negócios tradicionais. Nos níveis mais avançados da escala estão as empresas consideradas intermediárias (30%) e as líderes digitais (4%).

O relatório da pesquisa demonstra que as práticas e estratégias de transformação digital ainda são pouco consolidadas entre as MPEs. O cenário de crise, provocado pela pandemia, empurrou para o universo digital empresas que pouco atuavam neste ambiente e que foram obrigadas a se adaptar. A mudança não representou, necessariamente, a aceleração da maturidade digital das empresas, que se viram forçadas a competir em outra arena de negócios sem as ferramentas necessárias para tal. Além de ser um requisito indispensável à sobrevivência das empresas e à geração de receitas, o aumento da maturidade digital das MPEs – que respondem por 30% do PIB, mais de 90% dos empreendimentos e mais de 50% dos postos de trabalho – pode melhorar os níveis de produtividade e de competitividade brasileiros.

A média de desenvolvimento tecnológico e digital das MPEs é de 40,77 pontos, em uma escala de 0 a 100, segundo mostra a pesquisa. O setor de serviços tem pontuação mais alta, com média de 43,73 pontos, seguido do industrial, com 40,49 pontos; e do comércio, com 36,75 pontos. A pontuação média das empresas na escala de maturidade digital considerou cinco objetivos para os quais foram calculadas as devidas pontuações. São eles: conectar e engajar clientes (44,41 pontos); gerar mais valor para os clientes (37,53); construir uma organização orientada a dados (39,20); estabelecer novas bases de competição, no qual as empresas obtiveram a pontuação mais baixa (35,01), traduzindo a dificuldade em se adaptar ao universo on-line e em criar modelos de negócios mais inovadores e digitais. Por fim, inovar mais rápido e colaborativamente, com a maior pontuação (47,72), o que demonstra que as empresas estão se abrindo a novas possibilidades e adotando práticas de inovação mais ágeis e colaborativas.

A pesquisa concluiu que, para 38% das empresas, o maior entrave para a transformação digital é a falta de recursos; a dificuldade em conseguir acessar pessoas/fornecedores com capacidade de ajudar na transformação digital é o principal obstáculo para 14% dos entrevistados. Apenas 6% apontam resistências a mudanças por parte de diretores e gerentes. A pesquisa também identificou que 68% dos empresários estão abertos a participação em programas de aceleração da maturidade digital para transformar seus negócios.

Os dados da pesquisa foram extraídos a partir de 2.572 respostas de empresas nacionais (65% delas são microempresas e o restante é do segmento de pequeno porte) no período de março a maio de 2021. A amostra possui representatividade nacional e setorial, com um total de respondentes de 1.176 do setor de serviços, 804 do setor de comércio e 537 do setor industrial. Todos os respondentes considerados nesta pesquisa são do setor privado.

Monitor Mercantil
Editorial, 16.AGOSTO.2021 | Postado em Mercado


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