Black Friday: com economia reaberta, o que as varejistas esperam do evento em 2021?

Se teve um setor que se beneficiou da pandemia, foi o do comércio eletrônico. Diante das restrições de circulação, as pessoas passaram a fazer muito mais compras para entregar em casa. Segundo dados da consultoria Ebit Nielsen, no ano passado, houve um aumento de 41% no faturamento de vendas online. E neste ano o mercado segue aquecido: no primeiro semestre, o e-commerce bateu recorde de vendas, chegando em R$ 53,4 bilhões em faturamento no país.

Dentro desse cenário, a Black Friday, evento mais importante do setor, também trouxe resultados animadores: a data movimentou cerca de R$ 7,72 bilhões no último ano, incluindo a CyberMonday. O valor representou aumento de 27,7% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Neotrust/Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce.
Além disso, uma pesquisa da BigDataCorp mostrou que o desconto médio foi de 51,36% na data, também maior que o registrado em 2019, quando chegou a 42,59%.

Assim, o balanço de 2020 foi positivo, e para este ano as expectativas seguem em alta: 71% dos brasileiros pretendem fazer compras na Black Friday de 2021, segundo um estudo exclusivo da Méliuz, startup de cashbacks, enviado ao InfoMoney. A pesquisa ouviu quase 800 pessoas em todo o Brasil para simular as expectativas para a data deste ano.

O que esperar para 2021?
Em termos de intenção de compra, a pesquisa mostra que o patamar se manteve estável em relação ao ano passado – quando cerca de 72% dos entrevistados informaram que iriam comprar algo nada data.

Outros 25% dos entrevistados responderam que ainda não se decidiram se vão às compras. Destes, 56% das pessoas se mostraram indecisas por não ter certeza se as ofertas vão, de fato, valer a pena.
Apenas 2,9% dos entrevistados alegam que não pretendem ir às compras devido, majoritariamente (32%), pela condição financeira.
Do total de entrevistados, 60,9% já compraram em alguma outra edição da Black Friday, o que, segundo a pesquisa, “reforça a ideia de que a data se consolidou como uma das principais oportunidades para o varejo e também para os consumidores”.
Do lado das varejistas, depois de um 2020 de resultados muito fortes diante das circunstâncias, este ano vem sendo atravessado com resultados bons, embora não no mesmo ritmo observado em 2020. De qualquer maneira, as expectativas em relação à Black Friday são otimistas.
No Mercado Livre, por exemplo, que vai investir cerca de R$ 5 bilhões no Brasil em 2021, a expectativas são altas. Segundo Julia Rueff, diretora de marketplace para varejo, a Black Friday é a data mais importante do ano em termos de vendas e que a aposta será alta em logística.

“Boa parte desse investimento será direcionado para logística. Queremos manter nossos prazos de entrega durante a Black Friday. Hoje conseguimos entregar 20% de tudo o que vendemos mensalmente no mesmo dia, 75% em até um dia e 90% e até dois dias”, afirmou a executiva que participou do MeliXP, evento da varejista para os parceiros, realizado nesta quinta (2).

No Mercado Livre, a Black Friday chega a compilar 10 dias de vendas em na sexta-feira do evento para alguns dos vendedores, segundo Rueff, que não revelou mais detalhes.

Ainda, segundo as estimativas da varejista, o Brasil terá 20% do total de vendas sendo feitas no formato online até 2025. Em 2019, esse percentual era de 5%, e em 2020 subiu para 10%.

Na Amazon, a  data também é vista como estratégica e a preparação começa com antecedência. “Para oferecer uma variedade no portfólio e categorias, com mais de 45 milhões de produtos, bons preços e uma promessa de entrega confiável começamos a organização da Black Fiday vários meses antes, pois há fatores logísticos e operacionais que devem ser levados em conta”, diz a empresa.

Na Americanas S.A, a expectativa também é positiva principalmente porque será a primeira edição do evento após a combinação das operações de Lojas Americanas e B2W Digital. “Nosso evento vai durar o mês de novembro inteiro. Com esse tempo maior de ofertas disponíveis, nossos clientes têm oportunidade de realizar suas compras com calma e segurança, em todos os formatos que oferecemos, físico ou online. Com essa estrutura e combinando as sinergias entre os mundos físico e o digital, ofereceremos a melhor experiência de compra aos nossos clientes, possibilitando que comprem tudo o que quiserem, quando e de onde quiserem”, disse a empresa.

Segundo a empresa, depois de um 2020 desafiador, mas que o varejo enfrentou muito bem, o diferencial para este ano não é apenas vender, “mas oferecer uma experiência completa, que inclui a possibilidade de experimentação diferenciada. Um exemplo disso é a frente de advertising e entretenimento que aceleramos durante a pandemia”.

O InfoMoney também contatou as principais varejistas do país, incluindo, a Via, o Magalu, e a Americanas S.A. sobre as expectativas iniciais sobre a data. Até o momento de publicação desta matéria, nenhuma das empresas retornou à solicitação.

Do total de entrevistados, 56,7% responderam que pretendem comprar apenas online na Black Friday. Já 28,2% dos entrevistados vão optar tanto por comprar pela internet quanto em lojas físicas.
Ainda, o número de consumidores que declararam que vão comprar apenas em lojas físicas caiu em relação ao no ano passado mesmo diante do avanço da vacinação: são 8,9% dos entrevistados este ano, contra 11,06% em 2020. Outros 6,2% ainda não se decidiram onde pretendem realizar as compras.

Vale lembrar que a Black Friday, que acontece na sexta-feira pós-feriado de Ações de Graças, geralmente última sexta de novembro, conta com promoções já nas primeiras horas da madrugada.
Mas essa empolgação inicial parece ter perdido força: a madrugada de quinta para sexta deve ser a opção para fazer compras para 23,6% dos entrevistados, número muito abaixo dos 41,8% do ano passado.

Do outro lado, a pesquisa mostra que os usuários estão atentos às ofertas ao longo de toda a semana. Segundo a pesquisa, 27,9% dos entrevistados afirmam que devem fazer compras ao longo de toda a semana. Ano passado, a pesquisa não fez esse mesmo recorte para possibilitar uma comparação.

Mudança no comportamento do consumidor
A pesquisa da Méliuz mostra que, no ano passado, mais de 50% dos entrevistados pretendia aproveitar a Black Friday para compras de itens de necessidade do dia a dia – variando de alimentos a cosméticos, itens para casa e produtos de home office.

Mas neste ano, na ideia contrária, 64% dos respondentes declarou que espera comprar itens de desejo no período, ou seja, produtos considerados “sonhos de consumo”, portanto, com uma tendência a ter um ticket médio maior de preço – como eletrodomésticos, televisões ou aparelhos eletrônicos.

Rafael Alves, de Belo Horizonte, por exemplo conta costuma aproveitar a época para substituir algum item eletrônico ou de casa que esteja defasado ou estragado.
“No ano passado, aproveitei as promoções para comprar itens que uso no meu dia a dia de trabalho como lápis, papéis e tintas. Mas este ano já estou de olho nas condições porque quero muito comprar um aspirador robô”, diz.

Outro destaque é a expectativa de compra de presentes na data: 17,3% vão aproveitar a data e antecipar as compras de natal e 6,3% vão comprar presentes para outras datas comemorativas.
Entre as cinco categorias de produtos mais buscadas, 49,6% dos entrevistados disseram que vão buscar por eletrodomésticos e eletroportáteis. Acessórios e calçados vêm em seguida, com 31,7% das intenções de compra, seguido por eletrônicos e informática, com 31,7%. Ainda, móveis e decoração, foram mencionados por 26,4% das pessoas e smartphones, com 24,4% fecham a lista.

Critérios de compras, investimentos e meios de pagamentos
A pesquisa da Méliuz também traz uma abordagem sobre os critérios que os entrevistados consideram importantes na hora de efetivar a compra.

Para 60,7% das pessoas, o melhor preço é o principal critério, seguido de incentivos como cashback e cupons de desconto, com 13,4%.

O frete grátis é a motivação para 12,6% das pessoas, enquanto a reputação da empresa é decisiva para 6,5% dos consumidores. Ainda, outros 5,7% responderam que facilidade de pagamento, como crédito e juros baixos são os principais fatores.

Ainda, do total de entrevistados: 24,5% pretendem gastar entre R$ 1.000 e R$ 2.999 na data neste ano, enquanto 17,1% afirmam não ter um limite de gasto, por enquanto.

Em termos de meios de pagamentos, os entrevistados podiam selecionar mais de uma forma que devem considerar para as compras na Black Friday.

O resultado: 74% dos entrevistados farão uso do cartão de crédito com parcelas, e 27,3% afirmam que farão uso do crédito á vista. Além disso, 11,5% dizem que vão usar o Pix, sistema de pagamento instantâneos lançado em novembro de 2020. Veja:

Infomoney
 
Editorial, 08.OUTUBRO.2021 | Postado em Mercado


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