Vendas do comércio têm queda de 0,6% em março e setor encerra o 1º trimestre no vermelho, aponta IBGE

As vendas do comércio varejista tiveram queda de 0,6% em março, na comparação com fevereiro, apontam os dados divulgado sexta-feira passada (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
No acumulado em 12 meses, porém, o comércio registra alta de 0,7%. Na comparação com março do ano passado, houve alta foi de 2,4%.
 
Com o resultado, o setor encerrou o primeiro trimestre do ano no vermelho. Na comparação com o 4º trimestre de 2020, a queda foi de 4,3% - foi o segundo trimestre seguido em queda.

Já na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o recuo foi de 0,6%.
 
O comércio foi o segundo grande setor da economia a fechar o 1º trimestre do ano com perdas. A indústria encerrou o período com queda de 0,4%.

Em termos de patamar de vendas, o resultado de março deixou o setor varejista 6,5% abaixo do recorde, que foi alcançado em outubro de 2020.

Setor volta a ficar abaixo do nível pré-pandemiaO resultado de março também levou o setor de comércio a ficar abaixo do patamar pré-pandemia, depois de ter recuperado as perdas em fevereiro. O volume de vendas em março ficou 0,3% abaixo do observado em fevereiro de 2020.

Das oito atividades, somente duas registraram patamar superior ao pré-pandemia: artigos farmacêuticos (12,7%) e hiper e supermercados (3,9%). As quedas mais intensas ficaram com os segmentos de tecidos e vestuários (-50,1%) e livros, jornais e revistas (-50,2%).
 
Queda disseminada nas vendas 
De acordo com o IBGE, das oito atividades do comércio investigadas na pesquisa mensal, sete tiveram queda no volume de vendas na passagem de fevereiro para março. A única com crescimento foi a hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que teve alta de 3,3%.

O principal impacto negativo para o resultado geral partiu do setor de móveis e eletrodomésticos, que teve queda de 22% em março. Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, essa atividade foi muito influenciada pelo comportamento dos consumidores durante a pandemia.

“No primeiro momento, o setor teve um crescimento acentuado porque, estando em casa, as pessoas repuseram muita coisa tanto em móveis quanto em eletrodomésticos. Mas, passada essa primeira fase, não há crescimentos tão expressivos assim. E, quando as vendas diminuem, o setor costuma fazer promoções. Então houve um aquecimento das vendas em fevereiro e essa queda em março”, explicou.


Varejo ampliado 
Pelo conceito varejo ampliado, que inclui "Veículos, motos, partes e peças" (-20,0%) e de "Material de construção" (-5,6%), o volume de vendas teve queda de 5,3% em relação a fevereiro, mas registrou crescimento de 10,1% na comparação com março de 2020.
 
No acumulado no ano, o varejo ampliado tem crescimento de 1,4%. Já no acumulado em 12 meses, ele registra queda de 1,1%.
 
O gerente da pesquisa ponderou que, apesar da queda em março, o setor de material de construção é um dos que se mantêm acima do patamar pré-pandemia - 13,5% acima de fevereiro de 2020.
 

"Essa atividade teve um crescimento forte desde o início da pandemia, explicado tanto pelo auxílio emergencial, que possibilitou a aquisição por parte das famílias das camadas de mais baixa renda, como pela necessidade de construções e reformas emergenciais em casa. A partir de novembro, tivemos execução de obras maiores, como adaptação de edifícios em grandes cidades”, apontou.


Veja o desempenho de cada um dos segmentos em março:
  • Combustíveis e lubrificantes: -5,3%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 3,3%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -41,5%
  • Móveis e eletrodomésticos: -22%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,1%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -19,1%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -4,5%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -5,9%
  • Veículos, motos, partes e peças: -20,0% (varejo ampliado)
  • Material de construção: -5,6% (varejo ampliado)
Queda nas vendas em 22 das 27 regiões pesquisadas
O baixo desempenho do comércio em março foi registrado na maioria das regiões pesquisadas. De acordo com o IBGE, das 27 Unidades da Federação, 22 tiveram quedas nas vendas na comparação com o mês anterior.

As quedas mais intensas foram observadas no Ceará (-19,4%), Distrito Federal (18,1%) e Amapá (-10,1%). Dentre as cinco UFs que registraram crescimento nas vendas, os destaques foram o Amazonas (14,9%) e o Acre (11,2%).

“Alguns estados tiveram comportamento de queda em móveis e eletrodomésticos de forma mais intensa, como se deu no Ceará. O que tem acontecido, especialmente em grandes empresas, é adoção de estratégias distintas, como o fechamento de lojas. Com isso, há variações no número de estabelecimentos abertos e a diminuição de receitas em determinados estados”, explicou o gerente da pesquisa.


Na comparação com março do ano passado, porém, 19 das 27 UFs apresentaram crescimento nas vendas, com destaque para o Rio de Janeiro (7,1%), Minas Gerais (5,5%) e Santa Catarina (7,6%).
 
Perspectivas 
A confiança empresarial teve, em abril, a primeira alta após seis quedas seguidas, conforme o último levantamento divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. Segundo a entidade, a indústria é único setor a registrar níveis elevados de confiança. No entanto, o índice do comércio, que em março havia despencado para o menor nível desde maio de 2020, teve alta de 11,6 pontos, no mês.
 
Os economistas do mercado financeiro passaram a prever uma maior expansão da economia este ano. Conforme o último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, a previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha alta de 3,14% - antes, o crescimento previsto era de 3,09%.
 
O mercado financeiro também aumentou a projeção de alta da inflação para este ano, de 5,01% para 5,04%. A previsão de inflação do mercado continua acima da meta central deste ano, de 3,75%, e se aproxima do teto do sistema de metas: 5,25%. Isso porque, pelo sistema atual, a inflação será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25% em 2021.
 
G1
 
Editorial, 13.MAIO.2021 | Postado em Mercado


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