Bahia é terceiro Estado com mais inadimplentes do país


A autônoma Neide da Silva viu uma parcela de empréstimo atrasada há um ano escalar de R$ 400 para R$ 5 mil. Com as contas maiores que a receita que tira das marmitas que vende, não sabe quando (e se) quitará a dívida. "Virou uma bola de neve, e sinto agonia por ter chegado nesse ponto", revelou. Esse é só um retrato da situação de 41,4% das famílias baianas que estão inadimplentes, de acordo com a última edição da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ou seja: um em cada quatro baianos vive o mesmo drama de Neide.

A Bahia está em terceiro lugar nesse aspecto, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte (46,1%) e de Minas Gerais (42,5%). Vale lembrar que inadimplência e endividamento não são a mesma coisa: a diferença está no atraso das despesas. Enquanto o consumidor endividado consegue arcar com os compromissos ao longo dos meses, o inadimplente já está sujeito a ter seu nome incluso em órgãos de consulta e proteção ao crédito, como o SPC e Serasa Experian. Este último, inclusive, apontou que mais de 4 milhões de pessoas no Estado estão com o 'nome sujo' (sem possibilidade de crédito na praça). É considerado inadimplente quem está com 30 dias ou mais de atraso.

O número de famílias baianas inadimplentes é maior do que a média do Nordeste, que soma 32,1% nessa situação, e supera em mais de 15 pontos o indicador nacional, que ficou em 25,2%. Salvador ficou bem perto do nível visto no Estado: 40,3% estão no vermelho, segundo registros da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA). Embora considere esse índice ainda alto, a entidade consegue perceber uma redução na inadimplência na capital baiana, visto que 31 mil famílias conseguiram equilibrar as contas. Com isso, é possível constatar que o consumidor consegue obter crédito e honrá-lo, criando um ambiente mais saudável de consumo.

Novamente, as compras a prazo no cartão aparecem como principal razão da inadimplência. A economista da CNC Izis Ferreira, responsável pela Peic, vê o uso do 'dinheiro de plástico' com preocupação, mas fazendo um contraponto com a destinação para despesas básicas diante de um cenário econômico ainda desfavorável para os mais vulneráveis. "As pessoas com renda mais baixa estão usando o cartão de crédito para comprar alimentos e medicamentos, além de pagar contas de luz e telefone, por exemplo, para postergar o gasto para o mês seguinte ou mesmo parcelar esses valores", avaliou, orientando que a população tome cuidado para que o endividamento não se transforme em inadimplência durante o uso do cartão.


Tribuna da Bahia, Por Lily Menezes
 
Editorial, 10.ABRIL.2023 | Postado em Mercado


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