Vendas do comércio crescem 1,1% em setembro, diz IBGE

As vendas do comércio cresceram 1,1% de agosto para setembro. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com setembro de 2021, houve alta de 3,2%. Já nos nove meses do ano, o setor acumula aumento de 0,8%. Nos últimos 12 meses, há queda de 0,7%.

fonte: IBGE

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em setembro cresceu 1,5% frente a agosto e 1% ante setembro de 2021. O acumulado no ano ficou em -0,6%, e nos últimos 12 meses, em -1,6%.

De acordo com Cristiano Santos, gerente da pesquisa, desde maio o comércio não apresentava crescimento - ele considera que os dados ficaram na estabilidade ou no campo negativo nos meses anteriores. Santos informa ainda que o mês de setembro registrou o ponto mais alto desde a passagem de fevereiro para março, quando foi de 1,4%.

"Neste ano, a série está exibindo uma volatilidade menor do que nos anos anteriores e estamos começando a ver um comportamento mais parecido ao que era antes da pandemia, sem muita amplitude na margem”, avalia.


O resultado de setembro está 3,6% abaixo do nível recorde de outubro de 2020 e 2,8% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020). Já o varejo ampliado se encontra 1,5% abaixo de fevereiro de 2020.

6 das 8 atividades cresceram
Seis das oito atividades pesquisadas tiveram desempenho positivo e duas recuaram de agosto para setembro. Veja abaixo:
  • Livros, jornais, revistas e papelaria (2,5%)
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,7%)
  • Combustíveis e lubrificantes (1,3%)
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,2%)
  • Tecidos, vestuário e calçados (0,7%)
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e de perfumaria (0,6%)
  • Móveis e Eletrodomésticos (-0,1%)
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,0%) 
 
No varejo ampliado, as duas atividades tiveram estabilidade na comparação de agosto para setembro: Veículo e motos, partes e peças (-0,1%) e Material de construção (0,0%).

“Duas atividades puxaram o aumento na margem: Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso e faz o papel de ancoragem no resultado, e, em segundo lugar, Combustíveis e lubrificantes. Elas também tiveram influência no varejo ampliado, uma vez que suas duas atividades complementares ficaram na estabilidade”, explica o gerente.


Segundo Santos, o crescimento de Combustíveis e lubrificantes se deve à queda nos preços - a queda na receita nominal foi de 4,4% em julho, de 3,8% em agosto e de 6,2% em setembro. Porém, o crescimento no volume de vendas vem diminuindo: 12,6% em julho, 3,8% em agosto e 1,3% em setembro.

Já Hiper e supermercados, que perdeu fôlego nos últimos meses, voltou a crescer após três meses sem registrar avanço, destaca o pesquisador.

“Em termos setoriais, poucas atividades estão acima do patamar pré-pandemia. Contando com o varejo ampliado, das 10 atividades, apenas quatro estão acima do patamar pré-pandemia: Artigos farmacêuticos (20,8%), Combustíveis de lubrificantes (18,7%), Hiper e supermercados (3,8%) e Material de construção (2,0%)”, diz Santos.


No acumulado de 12 meses, os destaques de queda ficaram com móveis e eletrodomésticos (-13%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,2%). Nessa base de comparação, cinco das oito atividades tiveram desempenho positivo, com destaque para combustíveis e lubrificantes (7,6%).

Já nos nove meses do ano, seis das oito atividades subiram, com destaque para combustíveis e lubrificantes (12,7%).

Em relação a setembro de 2021, cinco atividades cresceram: Combustíveis e lubrificantes (34,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (31,8%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,8%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,9%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,8%).

Três setores tiveram queda: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,0%), Tecidos, vestuário e calçados (-9,5%), Móveis e eletrodomésticos (-5,9%).
No âmbito do varejo ampliado, ambas as atividades caíram: Veículos e motos, partes e peças (-1,2%) e Material de construção (-7,9%).

Crescimento em 18 unidades da Federação
Na passagem de agosto para setembro, 18 unidades da Federação tiveram alta, com destaque para Paraíba (4,5%), Rio de Janeiro (3,1%) e Pernambuco (2,3%). Por outro lado, Mato Grosso do Sul (-1,7%), Espírito Santo (-1,5%) e Roraima (-1,2%) recuaram e Tocantins apresentou estabilidade (0,0%).

Frente a setembro de 2021, houve resultados positivos em 24 estados, com destaque para Paraíba (41,6%), Amapá (13,7%) e Roraima (13,2%). Por outro lado, pressionando negativamente estão: Rio de Janeiro (-3,1%), Bahia (-2,5%) e Pernambuco (-2,1%).

Vendas mais sensíveis à renda sobem e a crédito caem
Rodolfo Margato, economista da XP, ressalta que apenas três entre as 10 atividades do varejo ampliado cresceram no 3º trimestre devido às condições de crédito mais apertadas e o elevado grau de endividamento das famílias que vêm pesando sobre as vendas do comércio brasileiro.

Segundo ele, as vendas dos bens mais sensíveis à renda aumentaram 1,5% no 3º trimestre em relação ao 2º trimestre e 4,9% em relação a dezembro de 2021.
Para ele, a retomada firme do mercado de trabalho – expansão mais suave do emprego nos últimos meses –, combinada com estímulos fiscais de curto prazo ajudam a suavizar a desaceleração das vendas varejistas.

Já as vendas de bens mais sensíveis ao crédito caíram 4,3% no 3º trimestre e 4,5% em relação ao final de 2021.
Para ele, nesse caso, a tendência não deverá ser revertida nos próximos meses, e projeta estagnação para o varejo ampliado no final do ano.
Margato cita ainda a incerteza a respeito dos impactos da Copa do Mundo e das vendas da Black Friday sobre o desempenho do varejo neste último trimestre. Ele acredita que o efeito da Copa sobre as vendas totais do comércio poderá ser negativo devido principalmente ao menor fluxo de consumidores nas lojas físicas.
 
 G1 Economia Por Marta Cavallini, g1
 
Editorial, 09.NOVEMBRO.2022 | Postado em Mercado


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