Salvador tem 25% das famílias com inadimplência; veja dicas de como você pode renegociar dívidas.

A última pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) mostrou que 61% das famílias de Salvador têm algum tipo de dívida, o que corresponde a 567 mil famílias.

Além disso, 25% dessas famílias não conseguiram pagar a dívida até o vencimento. São ao menos 237 mil famílias de Salvador que deixaram de quitar algum débito até a data de vencimento no mês de fevereiro.
 
É uma situação preocupante e indesejável, até porque ter o “nome sujo” impossibilita diversas possibilidades para a pessoa. Seja a busca por um novo crédito ou até a compra de um produto parcelado em alguma loja, as portas se fecham.
 
Mas existem alguns passos e possibilidades que podem ajudar no momento de negociar essas dívidas e evitar que elas se tornem uma bola de neve. Veja abaixo dicas do especialista em planejamento financeiro e jornalista Raphael Carneiro:

"O primeiro passo para buscar a resolução desse problema é reconhecer a dívida que tem", destaca.


Para Raphael, é preciso ter noção do tamanho real do problema. "Quais são e onde foram feitas essas dívidas? Só assim, encarando de frente o monstro das dívidas, é que será possível encontrar uma maneira de derrotá-lo", orienta.
Segundo ele, a partir da real noção do quanto se deve é que a pessoa endividada pode dar os passos seguintes para resolver o problema. A ação inicial deve ser procurar os locais onde essas dívidas foram realizadas. Neste mês de março, inclusive, os Procons de todos o país estão intensificado os feirões de negociação. O processo pode ser feito pelo portal do consumidor (www.consumidor.gov.br).

"Só que antes de iniciar a negociação é importante ter noção do poder que a pessoa, mesmo devedora, tem nesse diálogo. Isso porque, na maioria dos casos, o devedor se coloca em uma posição de inferioridade e acaba aceitando qualquer proposta feita. Ajuda a resolver o problema, mas poderia ter uma solução melhor", defende.

"Vamos supor que a dívida inicial seja de R$ 1 mil e foi adquirida no ano de 2020. Durante todo o ano, com juros de 300%, o valor devido se transformou em R$ 4 mil. Nesse momento, pode ser oferecido um desconto de 65%. O devedor tem a ancoragem em R$ 4 mil e recebe a notícia de que vai pagar 65% a menos, ou seja, R$ 1.400. Quem tinha uma dívida de R$ 4 mil e recebe a notícia que vai pagar R$ 1.400 acha muito positivo", conta o planejador financeiro.

Porém, ele faz um alerta importante. "É um belo desconto. Mas lembre-se que a dívida inicial era de R$ 1 mil. Com o desconto dado, essa dívida saltou para R$ 1.400. Um aumento de 40% em um ano. Sendo que, no geral, o dinheiro passou o último ano com o custo de 2% (essa era a Taxa Selic no ano passado, que foi aumentada para 2,75% nesta quarta-feira)".

Segundo ele, no caso dessa dívida ter sido feita com um banco, esse foi aproximadamente o custo do dinheiro para quem emprestou. Captou o dinheiro a aproximadamente 2% e recebeu juros de 40%. Há uma margem grande para que essa negociação possa ser feita.

"O que o devedor precisa entender é que não pode se manter em situação apertada somente porque foi a primeira proposta feita", defende.


"Durante a negociação é recomendado que se tenha noção da situação financeira para que possa compreender o que pode ou não ser feito. O certo é fechar o acordo com o que pode pagar, não com o que querem que você pague", conclui o especialista.

G1


Editorial, 02.ABRIL.2021 | Postado em Mercado


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